Os dispositivos de proteção contra surtos (DPS)

Fonte: revistaadnormas.com.br

O DPS é muito utilizado em redes de fornecimento de energia elétrica, redes de telefonia, comunicação e barramentos de controle automático.

Cristiano Bertulucci Silveira

dps6Os DPS são projetados para limitar as sobretensões transitórias de origem atmosférica e desviar os surtos de corrente para a terra, de modo a limitar a amplitude desta sobretensão a um valor que não seja perigoso para a instalação elétrica onde o mesmo esteja instalado. Quando conectado em paralelo, possui alta impedância e uma vez que a sobretensão transitória apareça no sistema, a impedância do dispositivo diminui de modo que a corrente de surto seja forçada a passar pelo DPS, ignorando o equipamento sensível (figura abaixo).

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Atuação do DPS em um circuito

Dessa forma, o DPS é um componente do sistema de proteção da instalação elétrica que é conectado em paralelo no circuito da fonte de alimentação das cargas com o intuito de proteger este circuito e pode ser usado em todos os níveis de uma rede de fornecimento de energia. Existem três tipos de dispositivos de proteção de surto.

O DPS tipo 1 é recomendado no caso específico de edifícios industriais ou residenciais que são protegidos por um sistema de proteção contra raios ou uma gaiola gradeada. Ele protege instalações elétricas contra raios diretos e é capaz de descarregar a corrente de retorno do raio espalhando-se do condutor de terra para os condutores da rede.

É caracterizado por uma onda de corrente de 10/350 µs. Devem cumprir os mais elevados requisitos relativos à amplitude e à energia específica de picos de corrente, uma vez que devem também realizar a proteção contra os efeitos de quedas de raios diretos. No ambiente de instalação típico da distribuição principal os requisitos de resistência a curto-circuito são frequentemente também muito elevados. Para cumprir estes requisitos , é necessária uma tecnologia de alto desempenho como a tecnologia de centelhador.

O DPS tipo 2 é o principal sistema de proteção aplicável em todas as instalações elétricas de baixa tensão. Instalado em cada quadro elétrico, evita a propagação de sobretensões nas instalações elétricas e protege as cargas. É caracterizado por uma onda de corrente de 8/20 µs.

Os dispositivos de proteção contra surtos de tensão do tipo 2 são habitualmente instalados em subdistribuições ou quadros de comando de máquinas. Estes dispositivos têm o poder desviar sobretensões induzidas de quedas de raios ou operações de comutação, mas não descargas atmosféricas diretas.

Por isso, a entrada de energia é consideravelmente mais reduzida. Além disso, as sobretensões induzidas por operações de comutação são frequentemente muito dinâmicas. Neste caso é indicada uma tecnologia com comportamento de resposta rápida, por exemplo, a tecnologia de varistor.

Os DPS tipo 3 possuem baixa capacidade de descarga e devem, portanto, obrigatoriamente ser instalados como um complemento ao do tipo 2 e nas proximidades de cargas sensíveis. O tipo 3 é caracterizado por uma combinação de ondas de tensão (1,2/ 50 μs) e ondas de corrente (8/20 μs).

O dispositivo de proteção de surto tipo 3 normalmente é instalado imediatamente antes dos equipamentos finais que devem ser protegidos. Devido às diferentes condições de instalação, existem DPS do tipo 3 em muitos formatos diferentes: para montagem em trilho de fixação (DIN); para a montagem em tomadas; e para montagem direta em uma placa de circuito impresso do equipamento final.

A proteção contra raios deve ser abordada de um ponto de vista geral. Dependendo da aplicação (grandes instalações industriais, datacenters, hospitais, etc.), um método de avaliação de risco deve ser usado para orientar na escolha da proteção ideal (sistema de proteção contra raios, dispositivos de proteção contra surtos).

Em outros casos (habitação, escritórios, edifícios não sensíveis a riscos industriais), é mais fácil adotar um princípio de proteção, Um dispositivo de proteção contra sobretensão tipo 2 será instalado na entrada da instalação elétrica.

Então, a distância entre o dispositivo de proteção contra surtos e o equipamento a ser protegido deve ser avaliada. Quando esta distância exceder 30 metros, um dispositivo adicional de proteção contra surtos (tipo 2 ou tipo 3) deve ser instalado próximo ao equipamento.

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Quando o edifício for equipado com um sistema de proteção contra descargas atmosféricas, um dispositivo de proteção contra sobretensão tipo 1 deverá ser instalado na extremidade de entrada da instalação. Neste caso, existem dispositivos de proteção contra surtos combinando tipo 1 e tipo 2 no mesmo componente.

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O dimensionamento do dispositivo de proteção contra surto tipo 2 depende principalmente da zona de exposição (moderada, média, alta). Existem diferentes capacidades de descarga para cada uma dessas categorias (Imax = 20, 40, 65 kA (8/20)). Para dispositivos de proteção contra surto tipo 1, o requisito mínimo é uma capacidade de descarga de Icpm = 12,5 kA (10/350) e valores mais altos podem ser exigidos pela avaliação de risco quando esta é solicitada, podendo dizer que Icpm significa corrente na máxima potência.

Pode-se dizer que o dispositivo de proteção associado ao dispositivo de proteção contra surtos (disjuntor ou fusível) será escolhido de acordo com a corrente de curto-circuito no local de instalação. Em outras palavras, para um painel elétrico residencial, um dispositivo de proteção com uma corrente de custo circuito Icc <6 kA será escolhido. Já para aplicações de escritório, o Icc é geralmente <20 kA.

Os fabricantes devem fornecer a tabela para a coordenação entre o dispositivo de proteção contra surtos e o dispositivo de proteção associado. Cada vez mais dispositivos de proteção contra surtos incorporam o dispositivo de proteção no mesmo gabinete. Na figura abaixo é possível visualizar um princípio de seleção simplificado, excluindo avaliação de risco completa.

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As descargas atmosféricas são simuladas com picos de corrente com a forma de impulso de 10/350 μs. As sobretensões de comutação e quedas de raios distantes são simuladas com picos de corrente com a forma de impulso de 8/20 μs.

De acordo com os requisitos da norma de produto IEC 61643-11, um DPS tipo 2 só pode desviar impulsos 8/20 μs. Um DPS tipo 1 é concebido tanto para impulsos 8/20 μs como para impulsos 10/350 μs.

Dessa forma, cada DPS tipo 1 é também um DPS tipo 2. Por isso, a atribuição da classe de verificação II a um DPS tipo 1 é uma informação redundante e não confere uma qualificação adicional. Frequentemente, este tipo de DPS se designa de condutores de descarga combinados (DPS tipo 1/2).

São condutores de descarga que cumprem as duas classes de verificação. Por outro lado, com uma combinação de condutores de descarga como a FLT-SEC-T1+T2, um centelhador com comutação de tensão (DPS tipo 1/2) diretamente coordenado é conectado em paralelo com um varistor com limitação de tensão (DPS tipo 2). Dois condutores de descarga autônomos asseguram um comportamento de resposta ideal, a melhor proteção da instalação e uma longa vida útil dos componentes.

A diversidade de aplicações diferentes representa um desafio especial para a proteção contra sobretensão para a tecnologia de medição, comando e regulagem. Tipos de sinal diferentes, interfaces e sistemas de bus de campo requerem um produto à medida e um espectro abrangente de produtos.

Por isso, estão disponíveis circuitos de proteção diferentes, otimizados especialmente para a aplicação. Em primeiro lugar se distingue entre duas formas de sinal: circuitos fechados independentes (loops) e sinais com um condutor de referência comum ou um condutor de retorno comum. Por motivos associados à imunidade contra interferências, os circuitos fechados independentes (loops) são frequentemente concebidos com isolamento de potencial de terra.

No setor da tecnologia de informação, as diferentes interfaces trabalham com níveis de sinal baixos com altas frequências. Isso as torna especialmente sensíveis a sobretensões e pode provocar a destruição de componentes eletrônicos de instalações de Tecnologia da Informação (TI).

Por isso, os dispositivos de proteção contra surtos de tensão têm de ter um comportamento de transmissão de sinais de alta qualidade, pois, caso contrário, devem ser esperadas falhas na transmissão de dados. As interfaces encontradas seriam por exemplo as seguintes: ethernet, interfaces seriais e de telecomunicações.

Os campos de aplicação típicos no setor das instalações de transmissão e recepção são a conexão de antena de equipamentos de rádio e televisão, a comunicação por vídeo, bem como instalações de rádio móveis. Os cabos de antenas muito longos que se estendem além da edificação, bem como as antenas em si, estão sujeitos a descargas atmosféricas diretas. Através do trajeto do cabo podem passar sobretensões até as interfaces sensíveis das instalações de transmissão e recepção.

Cristiano Bertulucci Silveira é engenheiro eletricista pela Unesp com MBA em Gestão de Projetos pela FVG e certificado pelo PMI. Atuou em gestão de ativos e gestão de projetos em grandes empresas como CBA-Votorantim Metais, Siemens e Votorantim Cimentos. Atualmente é diretor de projetos da Citisystems – cristiano@citisystems.com.br – Skype: cristianociti

A proteção dos sistemas elétricos e eletrônicos internos em edificações

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As descargas atmosféricas como fontes de danos são fenômenos de altíssima energia. Descargas atmosféricas liberam centenas de megajoules de energia. Quando comparadas com os milijoules que podem ser suficientes para causar danos aos equipamentos eletrônicos sensíveis em sistemas eletroeletrônicos existentes nas estruturas, fica claro que medidas adicionais de proteção são necessárias para proteger alguns destes equipamentos.

A NBR 5419-4 de 05/2015 – Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 4: Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura fornece informações para o projeto, instalação, inspeção, manutenção e ensaio de sistemas de proteção elétricos e eletrônicos (Medidas de Proteção contra Surtos ─ MPS) para reduzir o risco de danos permanentes internos à estrutura devido aos impulsos eletromagnéticos de descargas atmosféricas (Lightning Eletromagnectic Impulse – LEMP). Não cobre a proteção total contra interferências eletromagnéticas devido às descargas atmosféricas, que podem causar mau funcionamento de sistemas internos. Entretanto, as informações relacionadas no Anexo A podem reduzir, de forma satisfatória, os danos aos equipamentos e também ser usadas para avaliar tais perturbações. Medidas de proteção contra interferências eletromagnéticas estão relacionadas também na NBR 5410 e na série IEC 61000. Não trata em detalhes do projeto dos sistemas elétricos e eletrônicos em si.

A necessidade desta norma justifica-se pelo crescente custo associado às falhas de sistemas eletroeletrônicos causadas pelos efeitos eletromagnéticos das descargas atmosféricas. Particularmente importantes são os sistemas eletrônicos usados no armazenamento e processamento de dados, assim como no controle e segurança de processos para plantas de considerável investimento, tamanho e complexidade (para as quais as consequências são muito indesejáveis por razões de custo e segurança).

As descargas atmosféricas podem causar diferentes tipos de danos em uma estrutura, como definido na NBR 5419-1: D1 danos aos seres vivos por choques elétricos; D2 danos físicos (fogo, explosão, destruição mecânica, vazamento químico) devido aos efeitos da corrente das descargas atmosféricas, incluindo centelhamentos; D3 falhas de sistemas internos devido ao LEMP. A NBR 5419-3 trata das medidas de proteção para reduzir os riscos de danos físicos e perigo de vida, mas não cobre a proteção de sistemas elétricos e eletrônicos.

Esta Parte fornece as informações sobre as medidas de proteção para reduzir os riscos de dano permanente de sistemas eletroeletrônicos existentes nas estruturas. Danos permanentes nos sistemas eletroeletrônicos podem ser causados pelo impulso eletromagnético da descarga atmosférica (LEMP) por meio de: surtos conduzidos ou induzidos transmitidos pelos cabos conectados aos sistemas; os efeitos dos campos eletromagnéticos radiados diretamente para os próprios equipamentos.

Surtos na estrutura podem se originar de fontes externas ou internas à própria estrutura: surtos com origem externa à estrutura são criados por descargas atmosféricas que atingem as linhas entrando na estrutura, ou o solo próximo a elas, e são transmitidos aos sistemas elétricos e eletrônicos dentro da estrutura por meio destas linhas; surtos com origem interna à estrutura são criados por descargas atmosféricas que atingem a própria estrutura ou o solo próximo a ela.

Os surtos podem também se originar internamente à estrutura por efeitos de chaveamento, como, por exemplo, o chaveamento de cargas indutivas. O acoplamento pode surgir por diferentes mecanismos: acoplamento resistivo (por exemplo, a impedância do subsistema de aterramento ou a resistência da blindagem dos cabos); acoplamento pelo campo magnético (por exemplo, causado pelos laços formados pelos cabos dos sistemas elétricos e eletrônicos ou pela indutância dos condutores de equipotencialização); acoplamento pelo campo elétrico (por exemplo, causado pelos mastros metálicos das antenas de recepção).

Os efeitos do acoplamento pelo campo elétrico são geralmente muito pequenos quando comparados ao acoplamento pelo campo magnético e podem ser desprezados. Os campos eletromagnéticos radiados podem ser gerados por: corrente elétrica que flui no canal das descargas atmosféricas diretas; corrente parcial da descarga atmosférica fluindo nos condutores (por exemplo, nos condutores de descida de um SPDA externo de acordo com a NBR 5419-3 ou em uma blindagem espacial de acordo com esta parte da norma).

Os sistemas elétricos e eletrônicos estão sujeitos a danos devido a impulsos eletromagnéticos causados pelas descargas atmosféricas (LEMP). Portanto, para evitar danos nos sistemas internos, é necessária a adoção de MPS. A proteção contra LEMP é baseada no conceito de zonas de proteção contra raios (ZPR): o volume contendo sistemas que devem ser protegidos deve ser dividido em ZPR.

Estas zonas são teoricamente associadas à parte do espaço (ou de um sistema interno) onde a severidade do LEMP é compatível com a suportabilidade dos sistemas internos existentes (figura abaixo). As sucessivas zonas são caracterizadas por significativas mudanças na severidade no LEMP. A fronteira de uma ZPR é definida pelas medidas de proteção empregadas (figura abaixo).

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Os danos permanentes de sistemas elétricos e eletrônicos devido a LEMP podem ser causados por: surtos conduzidos e induzidos transmitidos aos equipamentos por meio da conexão por condutores metálicos; efeitos de campos eletromagnéticos radiados diretamente para os próprios equipamentos. Para proteção contra os efeitos de campos eletromagnéticos radiados diretamente para os próprios equipamentos, devem ser usadas MPS consistindo em blindagens espaciais e/ou condutores blindados, combinados com a blindagem dos invólucros dos equipamentos.

Para a proteção contra os efeitos de surtos conduzidos ou induzidos, sendo transmitidos para os equipamentos por meio de conexões por cabos, devem ser usadas MPS consistindo em um sistema coordenado de DPS. Falhas devido a campos eletromagnéticos radiados diretamente para os equipamentos podem ser consideradas desprezíveis se os equipamentos atenderem às normas de EMC do produto, pertinentes às emissões em radiofrequência e imunidades.

Em geral, os equipamentos devem atender as normas de EMC do produto, portanto MPS consistindo em uma coordenação de DPS são normalmente consideradas suficientes para proteger tais equipamentos contra os efeitos do LEMP. Para equipamentos que não atendem às normas de EMC do produto, MPS consistindo apenas em uma coordenação de DPS são consideradas inadequadas para proteger tais equipamentos contra os efeitos de LEMP.

Neste caso, o Anexo A fornece mais informações sobre como alcançar melhor proteção contra campos eletromagnéticos atingindo diretamente os equipamentos. A suportabilidade dos equipamentos quanto a campos magnéticos deve ser selecionada de acordo com a IEC 61000-4-9 e IEC 61000-4-10. Se necessário, para aplicações especificas, sistemas simulados para ensaio que incluam os DPS, condutores da instalação e os atuais equipamentos podem ser ensaiados em laboratório para verificar coordenação de suportabilidade.

As MPS podem ser projetadas para a proteção de equipamentos contra surtos e campos eletromagnéticos. A figura acima fornece alguns exemplos de MPS usando medidas de proteção como SPDA, blindagens eletromagnéticas e a coordenação de DPS: MPS empregando blindagens espaciais em forma de grade e a coordenação de DPS protegem contra campos eletromagnéticos radiados e surtos conduzidos (ver figura acima).

Sucessivas blindagens espaciais em forma de grade e DPS coordenados podem reduzir o campo eletromagnético e os surtos a um nível mais baixo de ameaça. MPS empregando uma blindagem espacial em forma de grade em ZPR 1 e DPS na entrada da ZPR 1 podem proteger equipamentos contra campos magnéticos radiados e contra surtos conduzidos (figura acima). A proteção pode não ser suficiente se o campo magnético permanecer muito alto (devido à baixa efetividade da blindagem em ZPR 1), ou se a intensidade do surto permanecer muito alta (devido ao alto nível de proteção do DPS e aos efeitos da indução nos cabos a jusante do DPS).

MPS usando linhas blindadas, combinadas com invólucros blindados dos equipamentos protegem contra campos magnéticos radiados. O DPS na entrada de ZPR 1 providencia proteção contra surtos conduzidos (ver figura 2c). Para alcançar um menor nível de ameaça (entre as ZPR 0 e ZPR 2), DPS adicionais podem ser necessários (por exemplo, estágios adicionais internos coordenados entre si) para alcançar um nível de proteção suficientemente baixo. MPS usando coordenação de DPS somente são adequadas para proteger equipamentos que não são sensíveis a campos magnéticos radiados, já que os DPS somente fornecem proteção contra surtos conduzidos (ver figura 2d)).

Um nível mais baixo de ameaças de surto pode ser alcançado utilizando DPS coordenados. Soluções de acordo com as figuras são recomendadas especialmente para equipamentos que não atendem às normas EMC pertinentes para produtos. Um SPDA de acordo com a NBR 5419-3 que emprega somente DPS para ligação equipotencial pode não fornecer proteção eficaz contra danos em sistemas elétricos e eletrônicos sensíveis.

O SPDA pode aumentar sua eficiência ao reduzir as dimensões da malha e selecionar DPS adequados, fazendo-os uma parte efetiva das MPS. Com relação à ameaça de descargas atmosféricas, são definidas as ZPR (ver NBR 5419-1) relacionadas abaixo.

Zonas externas: ZPR 0 zona onde a ameaça é devido a não atenuação do campo eletromagnético da descarga atmosférica e onde os sistemas internos podem ser sujeitos às correntes de surto totais ou parciais. A ZPR 0 é subdividida em: ZPR 0A zona onde a ameaça é devido à descarga atmosférica direta e a totalidade do campo eletromagnético gerado por esta descarga.

Os sistemas internos podem estar sujeitos à totalidade da corrente de surto. ZPR 0B zona protegida contra as descargas atmosféricas diretas, mas onde a ameaça é causada pela totalidade do campo eletromagnético. Os sistemas internos podem estar sujeitos às correntes de surto parciais.

Zonas internas (protegidas contra descargas atmosféricas diretas): ZPR 1: zona onde a corrente de surto é limitada pela distribuição das correntes e interfaces isolantes e/ou por DPS ou blindagem espacial instalados na fronteira das zonas. Blindagens espaciais em formas de grade podem atenuar significativamente o campo eletromagnético.

ZPR 2 n: zona onde a corrente de surto pode ser ainda mais limitada pela distribuição de correntes e interfaces isolantes e/ou por DPS adicionais nas fronteiras entre as zonas mais internas. Blindagens adicionais podem ser usadas para atenuação adicional do campo eletromagnético gerado pela descarga atmosférica.

As ZPR são implantadas pela instalação das MPS, por exemplo, instalação de um sistema coordenado de DPS e/ou blindagem eletromagnética (ver figura). Dependendo do número, tipo e suportabilidade dos equipamentos protegidos, ZPR adicionais podem ser definidas. Estas podem incluir menores zonas internas localizadas (por exemplo, invólucros metálicos dos equipamentos) ou zonas maiores (por exemplo, a estrutura completa).

As blindagens espaciais atenuam os campos magnéticos dentro da ZPR, decorrentes de descargas atmosféricas diretas ou próximas à estrutura, e reduzem internamente os surtos. Blindagem de linhas internas, utilizando cabos blindados ou os dutos blindados, minimiza surtos induzidos internamente. Roteamento de linhas internas pode minimizar laços de indução e reduzir surtos.

Blindagem espacial, blindagem e roteamento de linhas internas podem ser usadas combinadas ou separadamente. Blindagem de linhas externas entrando na estrutura limita os surtos conduzidos para dentro dos sistemas internos. As interfaces isolantes minimizam os efeitos de surtos em linhas entrando na ZPR. Aterramento e equipotencialização devem sempre ser assegurados, particularmente a equipotencialização de todos os condutores de serviço diretamente ou por meio do uso de DPS, no ponto de entrada da estrutura.

Outras MPS podem ser utilizadas sozinhas ou combinadas. MPS devem suportar o desgaste operacional esperado no local da instalação (por exemplo, desgaste de temperatura, umidade, atmosfera corrosiva, vibração, tensão e corrente). A seleção das MPS mais adequadas deve ser feita usando um método de análise de risco de acordo com a NBR 5419-2, levando em conta fatores técnicos e econômicos.

Informações práticas sobre a implementação de MPS para sistemas internos em estruturas existentes são fornecidas no Anexo B. Ligações equipotenciais de acordo com a NBR 5419-3 protege apenas contra centelhamentos perigosos. A proteção contra surtos de sistemas internos requer uma coordenação de DPS de acordo com esta norma. Informações adicionais sobre a implementação de MPS podem ser obtidas na NBR 5410.

Já a NBR IEC 61643-1 de 11/2007 – Dispositivos de proteção contra surtos em baixa tensão – Parte 1: Dispositivos de proteção conectados a sistemas de distribuição de energia de baixa tensão – Requisitos de desempenho e métodos de ensaio é aplicável aos dispositivos para proteção de surto contra efeitos diretos e indiretos de descargas atmosféricas ou outras sobretensões transitórias. Estes dispositivos são montados para serem conectados a circuitos de 50/60 Hz ca ou cc, e equipamentos de tensão nominal eficaz (rms) até 1.000 V ou 1.500 V cc.

As características de desempenho, os métodos de ensaios e as características nominais são estabelecidos para estes dispositivos que contêm pelo menos um componente não linear destinado para limitar surtos de tensão e desviar surtos de corrente. A norma descreve os ensaios de desempenho dos dispositivos de proteção contra surtos (DPS), havendo três classificações de ensaios.

O ensaio classe I é destinado a simular correntes impulsivas de descargas atmosféricas parcialmente conduzidas. Os DPS submetidos aos métodos de ensaio classe I são geralmente recomendados para locais de alta exposição, por exemplo, linhas de entrada de edifícios protegidos por sistemas de proteção contra descargas atmosféricas.

Os DPS ensaiados pelos métodos de ensaios para classes II ou III são submetidos a impulsos com menor duração. Estes DPS são geralmente recomendados para locais de menor exposição. Todos os DPS são ensaiados como “caixa preta”. Ensaios são incluídos para identificar técnicas utilizadas pelos fabricantes, com a finalidade de aplicar o método de ensaio mais apropriado.

A parte 12 trata dos princípios de seleção e aplicação de DPS em situações práticas. Os terminais devem ser projetados para conexão de cabos com seção transversal mínima e máxima de acordo com a declaração do fabricante. Cada um dos ensaios deve ser realizado utilizando a configuração mais severa (isto é, a seção transversal máxima ou mínima, dependendo do ensaio (ver Seção 7)).

O DPS deve ser provido com terminais onde a conexão elétrica é possível por meio de parafusos, porcas, tomadas, soquetes ou outros meios equivalentes. Isto é verificado em 7.3. Ao longo do procedimento completo de ensaio de tipo, o (s) indicador(es) deve (m) fornecer um sinal claro do estado da parte à qual está associado.

Para um DPS com uma indicação de estado intermediário, o estado intermediário não é considerado uma falha do indicador. Onde houver mais de um método de indicação de estado, por exemplo indicação local e remota, cada tipo de indicação deve ser verificado. O fabricante deve fornecer informação sobre a função do indicador e as ações a serem tomadas após a mudança da indicação de estado.

Um indicador de estado pode ser composto de duas partes, unidas por um mecanismo de acoplamento, que pode ser mecânico, óptico, acústico, eletromagnético, etc. Uma parte é substituída na troca do DPS e deve ser ensaiada como acima. A outra parte não é substituída na troca do DPS e deve ser adicionalmente capaz de operar pelo menos 50 vezes.

A ação do mecanismo de acoplamento que opera a parte não substituída do indicador de estado pode ser simulada por meios diferentes que a operação da parte substituída do DPS, por exemplo, um eletroímã separado ou uma mola. Quando houver uma norma apropriada para o tipo de indicação utilizada, esta deve ser satisfeita pela parte não substituída do indicador de estado, exceto que o indicador deve ser ensaiado somente para 50 operações.

Quando um DPS incluir um circuito que está eletricamente isolado do circuito principal, o fabricante deve fornecer informação sobre a isolação e as tensões de suportabilidade dielétrica entre os circuitos bem como as normas pertinentes às quais ele declara conformidade. Onde houver mais de dois circuitos, as informações devem ser dadas para cada combinação de circuitos.

A isolação e a suportabilidade dielétrica dos circuitos separados devem ser ensaiadas de acordo com a declaração do fabricante. Os ensaios de tipo são realizados como indicado na tabela abaixo, em três amostras por série de ensaios. Em cada série de ensaios, os ensaios devem ser realizados na sequência indicada na tabela. A sequência de séries na qual os ensaios são realizados pode ser variada.

Se todas as amostras forem aprovadas em uma série de ensaios, então o projeto do DPS é aceitável para aquela série. Se duas ou mais amostras não atenderem a série de ensaios, o DPS não atenderá a esta norma. Na eventualidade de uma única amostra não atender a um único ensaio, este ensaio e os anteriores na mesma série, que possam ter influenciado seu resultado, devem ser repetidos com três novas amostras, mas desta vez não é permitida nenhuma falha em quaisquer das três amostras.

Um conjunto de três amostras pode ser utilizado para mais que uma série de ensaios, se aceito pelo fabricante. Se o DPS for parte integrante de um produto coberto por outra norma, as exigências da outra norma, que se relaciona com as outras partes do produto que não o DPS, devem ser aplicadas para aquelas outras partes que não o DPS.

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Quando da realização do ensaio do DPS em que o fabricante fornece o mesmo com cabos incorporados, o comprimento total destes cabos deve fazer parte do DPS sob ensaio. Durante o ensaio, nenhuma manutenção ou desmontagem do DPS é permitida. Todos os desligadores do DPS devem ser selecionados e conectados como requerido pelo fabricante, onde aplicável.

Para os DPS com mais de um modo de proteção para qual o fabricante declara um nível de proteção de tensão, os ensaios devem ser executados em cada modo, com os valores escolhidos de acordo com a declaração do fabricante, usando cada vez novas amostras. Para dispositivos trifásicos nos quais os componentes do circuito de proteção para determinado modo são idênticos, o ensaio de cada uma das três fases satisfará o requisito das três amostras.

Recomenda-se observar que as boas técnicas de ensaio são requeridas para ensaios de impulso e medições. Isto é necessário para assegurar que os valores corretos de ensaio são registrados.

Se o fabricante fixar requisitos diferentes para o (s) desligador (es) externo(s) de DPS, dependendo da corrente de curto-circuito presumida do sistema de alimentação, toda sequência de ensaios pertinente deve ser executada para todas as combinações de desligador(es) de DPS exigido(s) e correspondentes correntes de curto-circuito presumidas.

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